Atualmente, alguns proprietários de pequenas e médias empresas não se consideram verdadeiramente empresários. Quando questionados, muitos respondem que são apenas comerciantes e, como tal, ainda tratam os clientes como fregueses e os empregados, como subordinados. Como consequência, acabam não aplicando um conceito relevante e diferencial no mercado dos dias atuais: o intraempreendedorismo, que é a capacidade de os colaboradores contribuírem de forma efetiva no desenvolvimento do negócio como se a empresa também fosse deles.
Intraempreendedorismo é a versão em português da expressão inglesa intrapreneur, que significa empreendedor interno, ou seja, empreendedorismo dentro dos limites de uma empresa, praticado pelos colaboradores. O termo intrapreneur foi utilizado pela primeira vez em 1985 por Gifford Pinchot, em seu primeiro livro, Intraempreendedorismo na prática, no qual apresentou uma expansão do conceito de empreendedorismo para intramuros nas empresas.
No Brasil, essa prática ainda é pouco difundida, pouco entendida e menos ainda fomentada pelos empresários junto às suas equipes. O mercado de trabalho mudou e a proatividade dos colaboradores faz parte desse movimento. A falta de visão (ou aplicação) desse conceito talvez ocorra pelo fato de os empresários não conhecerem ou ainda não terem internalizado a óptica e as práticas do intraempreendedorismo. E os empregados, por sua vez, trabalham sem o envolvimento intelectual no negócio.
O intraempreendedorismo tem como benefícios permitir que os colaboradores pensem positivamente e contribuam com sugestões e ações para melhoria dos processos e da produtividade da empresa; melhoria da motivação decorrente da maior participação decisória; redução da evasão por insatisfação com a empresa; diminuição do absenteísmo como decorrência do aumento da motivação; aumento do engajamento e comprometimento; além de contribuir com a preparação da empresa para a sucessão dos gestores, quando isso for necessário.
A prática do intraempreendedorismo pode ser fomentada com algumas ações simples, entre elas, aplicação de pesquisa de clima; busca de sugestões, por meio de uma roda de conversa, sobre como os colaboradores poderiam ter maior autonomia; criação de de coleta de ideias e sugestões; implantação de sessões de funil de ideias com destaque para os pontos de vista da equipe que promovam continuidade, implantação e êxito dos negócios; pesquisa sobre técnicas de melhoria contínua e compartilhamento com o grupo; criação de de indicadores e análise periódica dos resultados com a participação da equipe; implantação de um Programa de Participação nos Lucros e Resultados; definição de metas arrojadas juntamente com a equipe; entre outras.
Em síntese, “intraempreendedores são aqueles que assumem a responsabilidade pelas inovações dentro de uma organização”, assim define o consultor Gifford Pinchot.
Marcos Assumpção é consultor em Planejamento, Gestão por Processos e Gerenciamento de Projetos. Membro da Comissão Editorial da Revista da Farmácia.